Pode ser que você tenha dinheiro suficiente para passar o resto de sua vida fazendo as coisas que imaginou, mas uma renda extra é sempre benvinda. Além disso, estudos e pesquisas mostram que pessoas mais velhas que trabalham – principalmente aquelas que trabalham no que gostam – tendem a se sentir mais felizes e viver mais.
Mas é preciso ser realista. O tipo de trabalho que você encontrará mais facilmente depois de aposentado dificilmente trará o nível de remuneração e de prestígio de sua antiga carreira. Além disso, apesar de todo o discurso sobre empregadores em busca de funcionários mais idosos para suprir a carência de profissionais mais jovens, muitas empresas ainda resistem a contratar aposentados.
Continua a prevalecer a percepção de que profissionais mais velhos custam mais para a empresa e têm mais dificuldade para aprender coisas novas. Portanto, você precisará ser mais flexível e criativo – talvez até mais do que precisou ser quando estava construindo sua carreira. Antes de começar a revisar seu currículo, faça a si mesmo as 5 perguntas abaixo. As respostas vão lhe dar uma visão mais realista das oportunidades e desafios que vai enfrentar e podem ajudá-lo a encontrar a atividade ideal para rechear sua carteira e estimular seu cérebro.
Que tipo de trabalho vou conseguir?
Se você quer o máximo de flexibilidade, o melhor setor é o de serviços, em áreas de vendas ou atendimento a clientes. Felizmente esse é um setor em expansão e lojas, restaurantes, hotéis, etc. não apenas contratam ao longo de todo o ano como também aumentam significativamente suas equipes em períodos sazonais. Um outro aspecto positivo é que posições que requerem contato com os clientes são as que mais se beneficiam de profissionais mais maduros e experientes, já que eles tendem a ser mais atenciosos e pacientes com os clientes do que os mais jovens.
A situação é outra se o seu desejo for utilizar sua experiência profissional ou gerencial em seu antigo campo de atuação – principalmente se você exercia uma gerência de nível médio ou alto e suas habilidades técnicas precisam ser aprimoradas. Neste caso, saia em busca de treinamento para poder competir novamente no mercado de trabalho. Se você manteve seu nível técnico atualizado e possui as habilidades em demanda no momento, tem algumas opções a considerar. Uma delas é a de se aposentar gradativamente, permanecendo em sua empresa atual mas reduzindo a carga horária ou, se já tiver se aposentado, retornar a seu antigo empregador como funcionário temporário, terceirizado ou autônomo.
Você precisa tomar a iniciativa e procurar a área de Recursos Humanos para conversar a respeito do assunto e descobrir se este tipo de arranjo é possível dentro das políticas da empresa. Quanto mais flexível você for, maiores as chances de conseguir acomodar suas expectativas com as necessidades da empresa.
O mais provável é que você acabe encontrando emprego em sua área ou em uma área correlata da mesma forma que costumava encontrar quando ainda estava trabalhando: através de sua rede social ou network.
Uma opção a considerar, caso você não encontre algo que o interesse, é se tornar um empresário e abrir seu próprio negócio. Segundo dados da Pesquisa Mensal do Emprego do IBGE de março deste ano, 22,4% das pessoas que exercem atividades de forma autônoma, sem vínculo empregatício, têm entre 50 e 59 anos.
Muitos negócios podem ter início com pouco ou quase nenhum capital, o que seria ideal considerando que você não deveria colocar em risco o dinheiro que poupou para sua aposentadoria. Prepare-se, porém, para trabalhar bem mais do que imaginava.
Quanto eu vou ganhar?
Você vai estar sujeito à regra que afeta todas as áreas de atividade: o salário oferecido depende da situação de oferta e demanda, ou seja, do nível de procura por um determinado tipo de experiência e da disponibilidade de profissionais qualificados no mercado.
Projetos tendem a remunerar em um patamar mais alto, embora tenham caráter temporário – podem durar semanas ou meses. Outro aspecto a considerar é que você vai se deparar com períodos de inatividade entre um projeto e outro e momentos de pico, quando a carga de trabalho é intensificada.
Vou conseguir benefícios?
As empresas estão cada vez mais preocupadas com os custos representados pelos benefícios oferecidos aos funcionários e vêm buscando maneiras de torná-los mais atraentes a um custo mais baixo. Com a crescente dificuldade que pessoas mais velhas têm encontrado para adquirir um seguro saúde individual ou familiar, a oferta de assistência médica pode ser para os profissionais mais idosos um atrativo ainda maior do que o salário em si. Diferente das negociações salariais que você experimentou ao longo de sua carreira, desta vez o item “benefícios” tem um papel de destaque ao discutir as condições de trabalho com a área de RH.
Como saber se uma empresa é séria sobre contratar profissionais mais velhos?
Embora as empresas comecem a valorizar os profissionais mais velhos, ainda há bastante preconceito no mercado de trabalho. Como saber se existe realmente uma oportunidade na empresa? Um bom sinal é a presença de um número significativo de trabalhadores mais velhos nas lojas ou dependências da organização. Outro sinal é a flexibilidade em termos de horários de trabalho e formas de contratação.
Fique atento também às empresas que se declaram publicamente favoráveis à contratação de funcionários mais velhos – elas normalmente possuem políticas de gestão de pessoas especialmente desenhadas para estimular a contratação e retenção desses profissionais.
Eu vou pagar mais impostos?
O aposentado que trabalha paga imposto de renda tanto sobre o benefício recebido quanto sobre os rendimentos do trabalho, conforme a tabela do IR. Também contribui para a Previdência Social de acordo com a sua categoria de segurado e faixa salarial. Você talvez passe a pagar mais impostos se continuar trabalhando depois de se aposentar, mas com uma receita maior, terá mais dinheiro sobrando no final do mês.
Por último, lembre-se de que o benefício de continuar trabalhando vai além do dinheiro e envolve a sensação de continuar a fazer parte de um grupo e de contribuir para um objetivo comum.
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